segunda-feira, 2 de março de 2009

~ O diário mudo

Mel, era uma garota doce, talvez por um pouco de influência do nome que lhe foi dado, calma e paciente, transmitia pureza e alegria às pessoas do qual convivia. Filha única e de poucos amigos, na verdade não tinha amigos, pois tinha dificuldade em interagir com as crianças de sua idade, talvez por ser discreta e sendo assim não querendo chamar atenção nos lugares que ia. A garota vivia em seu mundinho de fantasias, era ingênua mas sabia encarar os obstáculos que lhe surgiam no caminho, transpassando assim tudo para seu caderno de desenhos que carregava consigo por onde quer que fosse.
Caderno este, que sabia de todos os seus segredos, sabia o jeito que a menina queria que fossem as coisas, conhecia tudo e todos que ela via que lhe pareciam interessantes estavam ali naquele livro, através de seus desenhos. Continha ali o que ela mais gostava, o que desejava para o seu futuro e o que levava do seu passado, onde no começo parecia apenas só mais um caderno que ganhara de seu avô, se formando apenas com desenhos "bobos" de criança, agora se transformava em um livro que ilustrava seu dia-a-dia, os seus pensamentos, enfim a sua vida.
Seu avô, do qual foi seu único amigo enquanto esteve vivo, talvez lhe dera aquele caderno para não ser esquecido, para que a menina não deixasse de lhe confiar os segredos já que não viviam mais, ambos no mesmo mundo. Mas ficara marcado ali, naquele 'diário' composto apenas por desenhos, ao invés de palavras, o seu maior, melhor e fiel amigo, do qual nunca irá esquecer o que se passa com a menina, nunca irá deixá-la na mão, pois sempre estará aberto e de "ouvidos (folhas) limpos" para a menina desabafar e ele receber conhecimentos com as novas imagens criadas por ela, no decorrer de sua vida.

E você, a quem deixaria/daria o seu "diário de imagens"?